domingo, 27 de março de 2011

A luta

Eu andava... O fusca também.
Eu e o fusca bordô... Muita valentia, muita luta!
Subia pedras sobre o sol que se mostrava atrevido entre tantos outros sóis... E então seus raios quentes na areia indefesa caiam.
E o fusca andava e eu também.
O sol me prometeu falar da lua, mas encontrei pedras, muitas pedras que surgiram como um obstáculo intransponível.
Eu e o fusca iríamos ultrapassar o paredão? Deixei o fusca e parti só, enfrentando aqueles obstáculos que surgiram de forma inesperada.
Então avistei um menino que ao meu lado estava sem ser notado por mim e me acompanhava silenciosamente.
Quando cheguei no topo, um rio negro surgiu junto aos meus pés, então me senti sem saída, encurralada! E agora? Tinha que continuar, era imprescindível! Mas e aquele rio? O rio negro se mostrava em uma imensidão sem limites que me apavorava e era plano e provocador!
De repente, para minha felicidade, surgiu um caíque. Embora estivesse tomada por sentimentos conflitantes e angustiantes, estava iluminada pelo sol atrevido.
Porém, o caíque era tão pequenino... Como iríamos “entrar” nele eu e o menino? Fiquei com medo de sermos devorados pelo rio negro.
Coloquei o caíque no rio, afinal era a saída que tínhamos. No entanto, antes de entrar nele, ele encheu de água e afundou! O medo fez sentido, mas e aquele sol atrevido? Eu tinha que continuar, ali não podíamos ficar, não sabia onde nem como.
Então, olhando para o rio, chamei por minha mãe como se ela estivesse do lado de lá. E como em um passe de mágica o rio negro se evaporou.


O comando e o controle

Comandou arsenal de armas indefesas
tão indefesas como as vítimas da mira.

Na cabeça do algoz o poder invadia
no chão jaz vítimas da tirania.

Na mão... o soldado obedecia
trazendo sangue para sua agonia.

No fim, cachoeira de sangue se fazia
fumaça no céu se via...

A fila infeliz da confissão se consumia
A culpa persistia...

Um novo povo renascia
entre sequelas que num todo invadia.

O benefício da coragem pequenininha
e o preço da incapacidade que tinha.

Resultou na experiência que vinha
trazendo decepção no que fazia.

Era tão triste sua imagem
quando se via...


O fuzil

Ele retratava através da ignorância
na mira do poder...

Um povo em devaneio
buscando se esconder.

Restou no seu retrato
cenas esquecidas no tempo.

Onde a dor
não combina com o sofrimento

Rosas


Rosas brancas indefesas
também pálidas no momento.

Tinha algo escuro ao fundo,
que eu não compreendia.

Mas aos olhos uma imagem
um pouco distorcida.

Notei dois pombos brancos
se olhando, se beijando.

A imagem dizia algo
que eu não compreendia.

No fim eu vi uma luz,
enfim a luz do dia.

Lembranças da Infância

Uma casa envelhecida...
Lembranças tenho de lá
entre muitas.... São coloridas

Vidas deixei por lá
Onde lembro adormecida
Como podia sonhar

Lembrando agora entendo
A vida como se dá!
Lamento apenas os momentos
que ficaram esquecidos por lá!

Chuva que cai

Sinto o balancear da emoção junto à chuva que cai entre os transeuntes.
Insegura por escutar ao som de uma música lenta que se harmoniza com o som da chuva lá fora, a qual insiste em cair e ser testemunha do submundo da nostalgia.
A emoção vai ao encontro da solidão que não permite sequer um sorriso traiçoeiro para enganar o momento.
E a chuva cai na imensidão da escuridão desta noite.
Chuva, emoção, música e eu.
Eu simplesmente sou a única pessoa a vagar na fantasia do sonho do momento, onde me encontro rodeada de olhares que tentam ser discretos sobre tudo que acontece ao meu redor.